quarta-feira, 4 de maio de 2011

Deathands



Tuas palavras, deveras persuasivas, são meras palavras.
O que faz a moça sentir?
Talvez teus próprios teatros, talvez a idéia de
Inventar os desafios que a vida não a traz.
Satírico? Possivelmente.
Com essas tuas conclusões pequenas.

Cria escândalos, a moça!
Cria, a moça, e confessas que sim,
O que não há e tampouco haverá.
Nem que seja apenas para contrariar, ou afligir.
Graças à tua ânsia insaciável de que haja.
Graças ao teu descuido pelo nada que se ofereceu.

És escrava de tuas palavras mas tem controle sobre teu silêncio.
Talvez seja hora de não levares a sério o que dizes, moça.
Ou ao menos não tente manter-te tão devota ao teu silêncio.
(como se engana a si?)
Talvez te toldaste à hora de caminhar para irrealidade.

"love it or hate it
you are all waiting
for the girl from the vision"

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Nosso breve nada



Tudo que eu tenho dito
Eu não juro fazer
E todas as minhas promessas
Decido não cumprir
Não te dou minha certeza
Tampouco minha eternidade
Mas lhe ofereço meu silêncio
O silêncio ninguém cobra
Ofereço-te a possibilidade
De eu estar sempre errada (ou certa)
Ofereço-te o tudo e o nada
Neste nada de mim
E se aceitares, diga nada
E nademos juntos.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Opposition



Só sou a favor, porque sou tão do contra
Que me encontro no contra do contra.

Inha



Deitada sobre o vôo
De brusso para cima
Esperneai mosquinha
A dolorida pirraça
Da resistência à morte
Morreste em prece
De perninhas cruzadas
Rezando o perdão
Para a sádica humana
Que lhe assistiu partir.

Permanente



O único grande ator é o que não existe, não vive
O que não possui uma personalidade
O que consegue ser muito é quem não é nada
Por ser o que finge ser completamente
Que é quem deseja ser por não saber o que é ser si próprio.
Os grandes atores são sempre atores.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Shy




Às vezes ando pela rua como se estivesse nua
Como uma estranha, constantemente me perguntando a mesma coisa;
- "Será que estão me vendo?"
Como se fosse um sonho louco, e eu quase não entendo
Ou como se eu estivesse invadindo o sonho de alguém.
Sinto que não pertenço aqui e é um desânimo a idéia de ter uma vida pela frente.
É até constrangedor entender que vou ter de continuar nesse sonho estranho
E que quase nada mais vai mudar de agora em diante.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Fotografia



O ponto de vista do fotógrafo demonstra um lado mais inclinado para o espiritual e o místico. Tornam visíveis as sensações que passam as imagens, tendo assim a fotografia como uma ilustração de sentimentos que demonstram as figuras mais simples, as mais bizarras, as mais miúdas que, normalmente, passam despercebidas. O fotógrafo sente mais do que vê. Sobre o detalhe do malfeito, no imperfeito uma singela perfeição sentimental, pois lá ele encontra a beleza do feio e suaviza a do muito belo. Temos também a fotografia como uma máquina do tempo, não fotografando figuras e sim momentos, causando-nos a lembrar de tudo que passamos, todos que perdemos e que amamos, e até que erramos mas que nada foi em vão. Ela serve como forma de protesto! A fotografia, com a habilidade de realçar o despercebido, demonstra-nos a burrice escandalosa dos muito influenciados, do maltrato e do exagero. Como propaganda, a fotografia ilude e engana quase personificada com sua fama de conto de fadas, de fazer nascer poesia das mais imundas realidades. Porém é sempre agradável ter algo que retrata tudo aquilo que não temos tempo de ver, pois enquanto a vida corre, nesta arte quase viva, o tempo para. Resume-se a um momento, a uma idéia, talvez até desonesta, que no final das contas nos agrada.