quarta-feira, 16 de março de 2011

Shy




Às vezes ando pela rua como se estivesse nua
Como uma estranha, constantemente me perguntando a mesma coisa;
- "Será que estão me vendo?"
Como se fosse um sonho louco, e eu quase não entendo
Ou como se eu estivesse invadindo o sonho de alguém.
Sinto que não pertenço aqui e é um desânimo a idéia de ter uma vida pela frente.
É até constrangedor entender que vou ter de continuar nesse sonho estranho
E que quase nada mais vai mudar de agora em diante.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Fotografia



O ponto de vista do fotógrafo demonstra um lado mais inclinado para o espiritual e o místico. Tornam visíveis as sensações que passam as imagens, tendo assim a fotografia como uma ilustração de sentimentos que demonstram as figuras mais simples, as mais bizarras, as mais miúdas que, normalmente, passam despercebidas. O fotógrafo sente mais do que vê. Sobre o detalhe do malfeito, no imperfeito uma singela perfeição sentimental, pois lá ele encontra a beleza do feio e suaviza a do muito belo. Temos também a fotografia como uma máquina do tempo, não fotografando figuras e sim momentos, causando-nos a lembrar de tudo que passamos, todos que perdemos e que amamos, e até que erramos mas que nada foi em vão. Ela serve como forma de protesto! A fotografia, com a habilidade de realçar o despercebido, demonstra-nos a burrice escandalosa dos muito influenciados, do maltrato e do exagero. Como propaganda, a fotografia ilude e engana quase personificada com sua fama de conto de fadas, de fazer nascer poesia das mais imundas realidades. Porém é sempre agradável ter algo que retrata tudo aquilo que não temos tempo de ver, pois enquanto a vida corre, nesta arte quase viva, o tempo para. Resume-se a um momento, a uma idéia, talvez até desonesta, que no final das contas nos agrada.

sábado, 23 de outubro de 2010

To be



É tão agradável ter a tranqüilidade de não ficarmos eternamente sobre controle do que fazemos o que dizemos o que sentimos... Simplesmente assim, deixando as distrações nos carregarem para onde talvez nem deveríamos ir. Com a conseqüência ingênua de nem lembrarmos como chegamos lá. No entanto, agradecidos pelo bom e o ruim que a vida nos entregou no caminho. Dentre tudo, as pessoas que conhecemos, mas que foram embora. Os sorrisos que causamos, os choros, o que duvidamos de nós mesmos, e nos enganamos. Tudo que nos fez descobrir o que é sentir e amar e brincar e prezar e aprender que de muito mais temos para aprender, e que nunca saberemos de tudo. Que não podemos nos descrever hoje para ninguém, porque amanhã teremos mudado de idéia. Ou descrever o que achamos que somos, e nos transformar naquilo. Acabando por perceber que no final das contar somos tudo que fomos e que ainda vamos ser, e que isso, nunca vamos conseguir descrever. Basta sorrir, basta viver.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Alegria




É engraçado quando lemos qualquer coisa no momento certíssimo para esse texto descrever-nos e tudo que estamos sentindo.
A poesia que lê os leitores.
Clarice tende a fazer isso...

"Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar." --Clarice Lispector

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Reality



De tanto querer o lado fácil
Deus me deu o mais difícil
De ser a vilã da história
A mais desentendida das vilãs
A vilã que mata com amor
Sem saber que está matando
E depois sofre com a morte
E ainda briga com o autor.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A curiosidade matou o gato.



Não estou estressada, nem confusa.
Estou conformada com as conseqüências dos meus atos.
E é isso que me dói.
Porque às vezes detesto essa minha coragem
De fazer tudo que não deveria ser feito
Por plena curiosidade.
Sim, aquela mesma curiosidade
Que matou o gato
E todos seus amiguinhos.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Daddy



Daddy, daddy
Sei que como um louco
Já perdeu um pouco
Da tua maneira

Mas daddy, daddy
Não deixe outro louco
Tirar tua loucura
Totalmente inteira.